A COP30 em Belém (10-22/nov/2025) expôs profundas contradições: enquanto o documento final omitiu menção aos combustíveis fósseis devido à pressão de petro-Estados, a participação de povos indígenas, quilombolas e periferias atingiu níveis históricos. A conferência reconheceu pela primeira vez o papel de afrodescendentes na luta climática e triplicou financiamento para adaptação até 2035.

Durante o segundo dia da COP30, manifestantes ocuparam a entrada da Blue Zone em protesto contra o TFFF e as contradições do governo brasileiro, que defende a Amazônia enquanto avança com a exploração de petróleo na foz do rio e a hidrovia do Tapajós. A conferência, marcada por tensões e diplomacia, trouxe debates sobre financiamento climático, metas insuficientes e justiça ambiental, com forte protagonismo indígena e críticas à inércia das nações ricas.

O artigo analisa como os processos históricos de urbanização em Belém do Pará, desde a Belle Époque até os preparativos para a COP-30, reforçam dinâmicas de segregação e injustiça socioambiental. Com foco nas reformas urbanas, o autor discute as desigualdades entre o centro da cidade e as periferias alagadas — as chamadas baixadas —, revelando como políticas públicas e investimentos priorizam áreas centrais em detrimento dos territórios populares e ambientalmente vulneráveis