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OFICINAS DO OBSERVATÓRIO DAS BAIXADAS: CIÊNCIA COLABORATIVA E EDUCOMUNICAÇÃO JOVEM E PERIFÉRICA

  • Foto do escritor: Observatório das Baixadas
    Observatório das Baixadas
  • há 7 dias
  • 3 min de leitura

ARTIGO POR Amarílis Tavares

[INTERNO OBx- AÇÕES]

Oficina Presencial OBx. FONTE: Arquivo Observatório das Baixadas
Oficina Presencial OBx. FONTE: Arquivo Observatório das Baixadas

O QUE É O ATLAS DAS BAIXADAS?


O Atlas das Baixadas é uma ferramenta digital interativa, desenvolvida a partir de dados públicos disponibilizados por órgãos oficiais, com o objetivo de mapear e dar visibilidade às comunidades localizadas em áreas de baixada em todo o Brasil. A plataforma permite localizar esses territórios e compreender como suas populações enfrentam os desafios relacionados às mudanças climáticas, à prevenção de desastres e à luta por justiça ambiental. Mais do que um repositório de dados, o Atlas se propõe como uma ferramenta crítica para analisar desigualdades, revelar resistências e promover o protagonismo de populações historicamente marginalizadas através da geração cidadã de dados.


Mais do que um repositório de dados, o Atlas se propõe como uma ferramenta crítica para analisar desigualdades, revelar resistências e promover o protagonismo de populações historicamente marginalizadas

CIÊNCIA COLABORATIVA: DO CONHECIMENTO EMPÍRICO AO ACADEMICISTA, TODOS PODEMOS SER CIENTISTAS 


Ao longo do ano, o Observatório das Baixadas tem realizado uma série de oficinas, que articulam ciência cidadã e justiça socioambiental. Essas oficinas integram o processo contínuo de construção coletiva do Atlas das Baixadas, a partir da experiência e do saber popular, e também mantendo o rigor científico. 


Desde o início das atividades, as oficinas vêm mostrando sua potência. Ao reunir participantes de diferentes bairros e cidades, o processo de construção do atlas se expande em diversidade de vozes, vivências e olhares. A primeira oficina, realizada no dia 10 de maio, aconteceu na Usina da Paz da Terra Firme, em Belém do Pará. Além de moradores do referido bairro, participaram pessoas dos bairros da Cremação, Guamá e outras regiões da cidade. A segunda oficina, no formato on-line, ocorreu em 17 de maio e ampliou ainda mais o alcance: contou com contribuições de pessoas de Altamira, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, entre outros territórios.


Além de Belém e das atividades virtuais, o Observatório das Baixadas prevê a realização de oficinas presenciais em outras cidades e estados brasileiros, fora do eixo Amazônico. Essa expansão territorial tem o objetivo de aprofundar a troca de experiências entre diferentes realidades urbanas e ambientais, conectando baixadas de diversas regiões do país e ampliando a construção coletiva do atlas com novos olhares e saberes locais.


Mais do que eventos formativos, essas oficinas são espaços de escuta ativa, troca de experiências e fortalecimento comunitário. Nelas, o Observatório reafirma seu compromisso com a produção de conhecimento desde os territórios, reconhecendo especialmente os saberes de pessoas fora da academia, oriundas de experiências empíricas e subjetivas, que convivem com os impactos das desigualdades urbanas e ambientais cotidianamente. Ao abrir espaço para esses sujeitos falarem de si, de seus bairros, rios, ruas e memórias, o Atlas das Baixadas se constrói como uma ferramenta de denúncia, resistência e visibilidade.


ATUALIZAÇÃO DO ATLAS: RAÇA E RACISMO AMBIENTAL EM PAUTA


Recentemente, o Observatório das Baixadas anunciou uma importante atualização em sua ferramenta: a inclusão da camada georreferenciada de concentração de pessoas negras e indígenas no território nacional. Essa nova camada é baseada nos dados mais recentes do Censo Demográfico do IBGE de 2022 e amplia significativamente a capacidade analítica do atlas.


Ao ser integrada com outras camadas – como as de favelas, comunidades vulnerabilizadas e zonas de risco ambiental severo – essa nova informação revela padrões estruturais de desigualdade, exclusão e racismo ambiental. O objetivo é tornar visível como a distribuição racial da população no território brasileiro se relaciona com o acesso (ou falta dele) a direitos básicos, como saneamento, moradia, saúde, mobilidade e segurança ambiental.


A nova camada permite:

  • Representação detalhada da distribuição racial por setor censitário;

  • Integração com indicadores de vulnerabilidade socioambiental;

  • Fortalecimento do debate sobre racismo ambiental, oferecendo dados concretos para formulação de políticas públicas e ações comunitárias.


EDUCOMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO


As oficinas são também um exemplo prático de educomunicação, ao estimular a produção de saberes coletivos e o uso de tecnologias acessíveis para análise crítica do território. A metodologia participativa adotada pelo Observatório permite que cada oficina seja um laboratório de leitura de mundo, onde mapas, histórias e dados se entrelaçam para fortalecer a luta por justiça ambiental e urbana.


Ao democratizar o acesso à informação e valorizar os saberes locais, o Observatório das Baixadas reafirma sua missão: construir pontes entre ciência, comunidade e transformação climática e social. O Atlas das Baixadas não é apenas uma plataforma digital: é uma ferramenta de luta construída com e para os territórios.

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